Abrolhos
A advertência acabou batizando o arquipélago de Abrolhos, que se tornou o primeiro Parque Nacional Marinho da América do Sul. Das cinco ilhas que formam o arquipélago Siriba, Redonda, Guarita, Sueste e Santa Bárbara somente esta última pertence à Marinha do Brasil. Devido aos vários acidentes, em 1861 foi instalado um farol na Ilha de Santa Bárbara, cuja estrutura é de ferro inglês, e as lentes e maquinário são franceses. Até algumas décadas atrás, o farol ainda funcionava movido a querosene. Hoje, sua iluminação é elétrica e tem um alcance de 32 milhas náuticas.
Com sua instalação, os marinheiros ficaram mais aliviados, mas seus problemas não acabaram. Apesar de estar localizado fora das rotas de navegação, alguns cargueiros deixaram suas marcas no arquipélago. Um deles foi o Rosalinda, que naufragou em 1939 no Parcel dos Abrolhos, levando a pique sua carga de cimento e cerveja. Hoje em dia, o navio é habitado por uma infinidade de seres marinhos e visitado constantemente por mergulhadores.
Charles Darwin, 29 de março de 1832.
Dados de monitoramento pesqueiro mostram que a pesca nas regiões vizinhas ao Parque movimenta mais de R$ 100 milhões por ano, o que representa 10% da receita da atividade de pesca no Brasil. A unidade assegura a procriação das espécies contribuindo para a manutenção da pesca nas regiões vizinhas, que é o meio de subsistência para cerca de 20 mil pessoas na região.
O turismo é outra expressão da importância econômica da unidade, o fluxo turístico gerado pelo Parque garante centenas de empregos em hotéis, pousadas, restaurantes e demais atividades ligadas ao setor. Segundo dados do PRODETUR o turismo representa 20% do PIB dos municípios da Costa das Baleias, zona turística correspondente ao litoral do extremo sul da Bahia.
Santa Bárbara
Apesar de estar localizada praticamente no centro do Parque, a Ilha de Santa Bárbara pertence à Marinha do Brasil. Não fica dentro dos limites do Parque nem está sob sua jurisdição. Por se tratar de uma base militar, o desembarque no seu território é expressamente proibido e só é concedido mediante autorização do II Distrito Naval localizado em Salvador.
Santa Bárbara é a única ilha habitada do arquipélago e também a única que tem alguma infraestrutura. Nela existem, além do farol, algumas casas que servem de moradia às famílias dos militares, funcionários do ICMBIO e pesquisadores. A ilha conta ainda com outras instalações como heliporto e uma capela em homenagem à Santa Bárbara, santa padroeira dos navegantes.
Por estar fora da jurisdição do Parque, é a única ilha em que foram introduzidos algumas plantas e animais, o que não é permitido nas demais. A principal espécie que hoje vive na ilha é a cabra, que, além da carne, fornece também o leite. Além da água potável, praticamente todo alimento consumido dentro do arquipélago é trazido do continente, tendo em vista que a pesca não é permitida nos limites do Parque.
O Farol situado em um dos pontos mais altos da ilha foi inaugurado em 1861 no reinado de D. Pedro II. De fabricação francesa, mede 60 metros de altura e tem alcance de mais de 20 milhas náuticas. O farol até hoje norteia os navegantes, indicando a localização dos recifes, além do sistema de rádio que orienta a navegação, emite boletins meteorológicos e fiscaliza embarcações que fundeiam no arquipélago.
Durante a visita é possível observar desde a formação geológica do arquipélago, até as diversas espécies de aves e seus ninhos. As ilhas Siriba e Santa Bárbara abrigam a maior colônia de atobás-brancos (Sula dactylatra) do arquipélago.
Apesar da presença humana constante nesta ilha, o ICMBio se empenha em reduzir o impacto da visitação dos turistas.
Reduto principal e único local de reprodução das fragatas (Fregata magnificens), a Ilha Redonda teve sua parte superior totalmente queimada em um incêndio ocorrido em 1997, quando um passageiro de um barco disparou um foguete de sinalização que caiu na ilha e causou a morte de quase 200 aves. Somente no ano de 1999 a fauna da ilha começou a dar sinais de recuperação. Quanto às fragatas que restaram, essas habitam hoje a ilha Sueste junto com os atobás-marrom.
Apesar de originalmente o desembarque nessa ilha ser permitido, ele não acontece devido a dois fatores: a grande presença de corais de franja nos arredores da ilha que dificulta o acesso de bote e a desova de tartarugas.
Por ser uma área intangível, o desembarque é proibido na ilha. Com isso os pesquisadores conseguem comparar o impacto sobre as aves nas áreas em que o desembarque é permitido.
Sua superfície é formada por um aglomerado de grandes blocos de rochas vulcânicas. A coloração desta ilha alterna-se entre o negro das rochas e o branco do guano (excremento) dos beneditos (Anous stolidus). De março a novembro, ela se torna o principal local de reprodução dessa ave. E em volta da Ilha Guarita estão os recifes de franja mais desenvolvidos do arquipélago.
Parque Nacional
O Parque Nacional Marinho de Abrolhos está localizado no litoral sul do estado da Bahia, entre as coordenadas geográficas 17º25’ a 18º09’ S e 38º33’ a 39º05’ W.
Os PARNA – Parques Nacionais, foram criados com a finalidade de preservar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora e fauna e das belezas naturais, com a utilização para fins educacionais, recreativos ou científicos, sendo neles proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais.
O parque está assentado sobre cinco formações rochosas: as ilhas de Santa Bárbara, Siriba, Redonda, Sueste e Guarita. Além das ilhas, o parque comporta também o Parcel dos Abrolhos e o Recife das Timbebas.
Com uma área de 190 km² o recife das Timbebas é composto por uma rica fauna marinha de corais negros e grandes colônias de coral fogo de até três metros de diâmetro, possui uma forma particular de crescimento de recife de corais que não tem similar no mundo. No período de julho a outubro, é possível observar famílias inteiras de baleias Jubarte, que no seu percurso passam e ali permanecem para procriar e alimentar os filhotes.
Na Praia do Kitongo, em Caravelas/BA, está localizado o Centro de Visitantes e a sede administrativa do Parque. O visitante que quiser conhecer o Parque poderá realizar uma visita monitorada passando por painéis, vídeos e informações junto aos recepcionistas sobre os atrativos e a conduta desejável para a visita ao Parque.
O local abriga ainda uma réplica de baleia jubarte em tamanho natural de um adulto e a Trilha do Marobá, onde o visitante tem contato com os ecossistemas costeiros da restinga e dos manguezais.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é um Posto Avançado da Reserva de Biosfera da Mata Atlântica, também é um Sítio RAMSAR, título esse que revela a importância e os bons resultados das ações de conservação que vêm sendo empreendidas na região.
No Parque Nacional Marinho não é permitido:
- Usar fogo e praticar qualquer ato, ou se omitir, de forma que possa ocasionar incêndio.
- Alimentar, capturar ou molestar animais silvestres.
- Acampar e fazer fogueiras.
- Usar aparelhos de som alto e soltar fogos de artifício.
- Pichar ou realizar outros atos de vandalismo.
- Soltar qualquer espécie animal ou plantar espécie vegetal.
- Realizar pesquisa científica e visitação de grupos sem autorização.
- Impedir ou dificultar a regeneração natural da vegetação.
- Portar instrumentos de pesca ou caça submarina.
- Fotografar profissionalmente sem autorização da administração.
- Mergulhar e desembarcar nas ilhas do arquipélago sem autorização.
- Mergulhar utilizando luvas e facas (luvas são permitidas apenas nos naufrágios).
Como Chegar
A cidade mais próxima para acesso ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos é Caravelas, localizada no extremo sul da Bahia. Em Caravelas é onde fica a Sede e o Centro de Visitantes do Parque e a Agência da Horizonte Aberto. Até a cidade, há três meios de acesso principais.
Pelo Sul (vindo de Vitória/ES, MG, RJ e outros): Seguir pela BR 101, na altura de Posto da Mata, dobrar na rotatória à direita e pegar a BR 418. Após 80km estará no trevo logo após o aeroporto de Caravelas. Permaneça a direita e após 10km estará em Caravelas. Outra opção de quem vem pelo Sul é seguir até a cidade de Teixeira de Freitas, no trevo seguir pela BA-290. Seguindo então as orientações rodoviárias até Alcobaça, chegando no trevo da entrada dessa cidade, mantenha a direita pela BA-001 até a cidade de Caravelas.
As empresas Águia Branca e São Geraldo operam trechos vindo de diferentes regiões do Brasil até Teixeira de Freitas. De lá para Caravelas, a Expresso Brasileiro opera horários regulares.
Os dois aeroportos mais próximos são, respectivamente, o aeroporto de Porto Seguro que fica a 261 Km de Caravelas e o de Vitória (ES) distante cerca de 400 km de Caravelas.
Os voos para Porto Seguro e Vitória, nacionais e internacionais partem de diversos aeroportos brasileiros com várias opções de horários e diversas companhias aéreas.
- Teixeira de Freitas > 82 Km
- Mucuri > 150 Km
- Porto Seguro > 261 Km
- Vitória > 468 Km
- Belo Horizonte > 809 Km
- Salvador > 886 Km
- Rio de Janeiro > 993 Km
- São Paulo > 1.350 Km